‘Coach do bitcoin’ é preso por suspeita de golpe de R$ 260 milhões
O empresário e coach Rodrigo Reis, conhecido como “Coach do bitcoin”, foi preso nesta quinta-feira (7/11) por suspeita de ter criado um esquema fraudulento com criptomoedas.
Reis é CEO da RR Consultoria em Investimentos, empresa que teria aplicado golpe em cerca de dez mil pessoas. Os prejuízos chegaram a R$ 260 milhões, segundo a investigação. O empresário teria captado dinheiro de clientes com a promessa de que o valor renderia até 9% ao mês. A prisão foi feita pela Polícia Federal.
“Os investigados articularam uma complexa estrutura empresarial para captar investidores e, em seguida, se apropriar dos recursos aplicados e remetê-los para o exterior sem o conhecimento das vítimas. Os valores foram enviados ao exterior por meio de exchanges (corretoras de criptomoedas)”, disse a PF.
Recuperação judicial
Em 2023, a RR Consultoria entrou com pedido de recuperação judicial. O juiz Paulo Assed Estefan, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, rejeitou a solicitação afirmando que havia atuação “aparentemente irregular” da empresa.
“Embora regularmente instituída, as atividades desenvolvidas deixam sérias dúvidas sobre a obediência aos regulamentos próprios. Com efeito, pelo que se apurou nos autos, haveria oferta de criptoativos ao argumento de empréstimo com promessa de rentabilidade e sem que isso desafiasse a fiscalização dos órgãos próprios”, disse o juiz em sentença de março do ano passado.
A decisão teve como base um parecer da advogada Lívia Gavioli Machado e do advogado Rafael Steinfeld, nomeados como peritos nos autos. A avaliação concluiu que não há registro da empresa na Comissão de Valores Mobiliários e que a RR Consultoria não demonstrou viabilidade a justificar a sua recuperação judicial.
“O instituto da recuperação judicial se presta ao soerguimento da empresa viável. Nesse ponto não foi demonstrada sua viabilidade, seja formalmente, por meio da atividade em si, seja por meio do cumprimento das exigências para exercício de sua operação, por se tratar de contrato de investimento coletivo”, disse trecho do parecer.
Também foram encontradas outras 11 empresas, nove delas abertas em 2023 a partir de pró-labore e dividendos obtidos pela RR Consultoria.
“Conclui-se que, diante da paralisação da atividade, bem como da falta de comprovação das formalidades exigidas pela CVM para as operações apontadas pelo sócio, não há função social a ser preservada”, concluíram os advogados.