Levantamento da TI sobre corrupção não tem base e politiza tema técnico, diz chefe da PF
O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, afirmou nesta terça-feira (11/2) à revista eletrônica Consultor Jurídico que o levantamento feito pela Transparência Internacional sobre o “índice de percepção da corrupção” não tem “base concreta” e tenta “partidarizar” um tema técnico.
“A Polícia Federal tem trabalhado muito. A CGU também. E os resultados são claros e palpáveis. Vide apreensões de bens e valores do crime organizado (muitos casos envolvendo corrupção), operações contra corrupção em Tribunais de Justiça, emendas, corrupção eleitoral etc.”, afirmou ele.
“Não posso concordar com a avaliação feita, que não tem base concreta alguma e parece querer partidarizar politicamente um tema técnico”, disse Rodrigues.
‘Conversa de boteco’
Segundo levantamento da Transparência Internacional divulgado nesta terça-feira (11/2), o Brasil caiu da 104ª posição para a 107ª no tal índice de percepção da corrupção. O ranking leva em conta 180 países.
Segundo a ONG, o índice mede a impressão de “especialistas” e “empresários” sobre a percepção do nível de corrupção no setor público. Não diz, no entanto, quem foi ouvido, quantas pessoas foram entrevistadas e quem elas representam.
Mais cedo nesta terça, Vinicius Marques, ministro da Controladoria-Geral da União, afirmou que a análise é uma “conversa de boteco”. A declaração foi feita à Globonews.
“A Transparência Internacional fala que a percepção da população brasileira sobre o combate à corrupção é menor porque o presidente Lula fala pouco disso em discurso. Mas de onde eles tiram isso? Qual a correlação de uma coisa com a outra? Desculpe, mas isso é conversa de boteco”, afirmou.
“A comparação entre países é estranha, pois o pacote de índices para avaliar cada país varia. Então, na minha opinião, é complicado usar métricas distintas, isso nem deveria ser feito. Essa não é uma medida de combate à corrupção, mas, sim, de percepção, uma pesquisa de opinião”, prosseguiu.
A Transparência Internacional é uma entidade privada fundada na Alemanha nos anos 1990, e que chegou ao Brasil a reboque da “lava jato”. Seu levantamento funciona como uma espécie de compilado de opiniões “do setor privado e de especialistas”, sem dizer quem foi ouvido.
Também não há no estudo uma parte específica para tratar da metodologia. A entidade só informa que o cálculo é feito “usando 13 fontes de dados diferentes de 12 diferentes instituições”.
Uma nota metodológica divulgada pela Transparência Internacional diz que o índice de percepção da corrupção leva em conta a soma de oito indicadores. O Brasil teria ido particularmente mal em índices como o “Executive Opinion Survey”, feito pelo Fórum Econômico Mundial, e o “World Competitiveness Rank”, do Instituto Internacional de Administração e Desenvolvimento, na Suíça. São pesquisas com questões abertas, com perguntas como “Existe corrupção em seu país?”.